quarta-feira, 25 de abril de 2012

Xingu - O Cinema se reinventa

Xingu, mais recente filme do diretor paulistano Cao Hamburguer (de “Castelo Rá-Tim-Bum” e “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”), exige do espectador mais cético uma certa dose de paciência. A princípio, a história apela para a aura de heroísmo que historicamente foi atribuída aos irmãos Villas-Bôas – dois dos quais, Cláudio e Orlando, foram indicados ao prêmio Nobel da Paz pelo trabalho que resultou na criação do Parque Nacional do Xingu e na implantação de uma política indigenista totalmente nova lá por meados do século passado. Pois o filme começa com uma cena um tanto inverossímil em que os irmãos Cláudio e Leonardo se disfarçam de “peões” analfabetos para conseguir suas vagas na expediçã Roncador- Xingu.


 

Com a evolução do trabalho deles na expedição, contudo, o filme engata. O deslumbramento causado pelas locações – não há uma cena sequer do sertanistas na expedição feita em estúdio – contribui para situar o espectador naquilo que talvez tenha sido a mais corajosa e ousada marcha para o interior do Brasil depois das excursões dos bandeirantes. Para se ter uma ideia, Cao Hamburger começou seu trabalho de pesquisa de locações, entrevistas e preparaçao de atores (grande parte deles, índios) três anos antes do início das filmagens.
Do ponto de vista narrativo, além do perigo de cair em desgraça ao retratar personagens tidos como pioneiros pela etnografia, o diretor ainda tinha outra dificuldade: abordar uma expedição que se estendeu por 40 anos (em um filme de duas horas), exigiu que fossem cortadas passagens importantes dos relatadas pelos Villas-Bôas no livro Marcha para o Oeste, em que o filme se baseou.
O diretor, no entanto, superou as dificuldades com uma abordagem pouco utilizada no recente cinema nacional: o desnudamento de personagens midiaticamente endeusados resultou na exposição de pessoas comuns, cheias de falhas e até ingênuas, apesar de corajosas. No filme há, implícito, o reconhecimento das consequências desastrosas das falhas. Mas há, também, a constatação de que sem o espírito de eventura e deslumbramento dos irmãos – que redundaram naquela maldita aura de heroísmo – pouco teria sobrado de um sem-número de nações indígenas aé hoje preservadas pela alma sensível e capacidade de agir dos Villas-Bôas.
Preciso dizer, por outro lado, que há defeitos no filme característicos do cinema nacional. O som direto que disputa com a trilha musical é um deles. Mas se é possível traçar um paralelo entre “Xingu” e outra obra recente da cinematografia brasileira, a primazia cabe, ironicamente, ao filme anterior de Hamburger, “O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias”. Como neste último, o filme sobre os irmãos Villas-Bôas soube retratar, por vias pouco ortodoxas, um tempo que muitos outros já o fizeram utilizando maneirismos; e colocou seus protagonistas não para dialogarem, mas para conduzirem o espectador pela realidade que enfrentaram.

Fonte: Tribuna do Norte

terça-feira, 24 de abril de 2012

Filme expressionista de 1927 inspira moda atual


Coleção outono/inverno 2012 da Adidas SLVR é inspirada no filme Metrópolis
A coleção
Chega com tudo a coleção SLVR da adidas para o otono/inverno 2012. GQ teve acesso às primeiras imagens do lookbook, fotografado por Willy Vanderperre, e notou que a marca deu um upgrade e tanto em relação à última linha. A inspiração da vez é o filme alemão expressionista Metrópolis, de 1927. Com a dreção criativa de Dirk Schönberger, a SLVR apresenta peças refinadas, construídas a partir de uma visão mais conceitual da funcional e esportiva icônica marca de sportswear.

O filme

Uma visão expressionista, convulsiva e pessimista de um futuro que acenava temivelmente próximo. Um sonho de uma distopia social envolto a um exercício de futurologia realista. Impossível descrevê-lo em tão poucas palavras, mas Metropolis, produção alemã de 1927 do diretor e visionário Fritz Lang, é isso e muito mais.
A obra foi uma das empreitadas mais caras do período que antecede o áudio. As altas cifras da época podem ser justificadas, talvez, pelas imagens incríveis e de altíssimo poder de impacto que arrebatam o espectador pelos quase 150 minutos de puro realismo fantástico. O filme é um dos pontos máximos do Expressionismo Alemão, movimento que lapidava as maiores atenções às imagens e às interpretações na compensação da ausência do som.
Metropolis é uma cidade que reúne todas as características do que se conjeturava ser o futuro da humanidade. O sonho de Lang se passa em 2026, exatos cem anos após o início da concepção das filmagens (1926). O homem perdeu todo seu ímpeto independente ao passo que se tornou umbilicalmente subordinado às máquinas e à tecnologia representada por elas. Os avanços tecnológicos, porém, promoveram uma cisão abismal entre as classes sociais. Alguma similaridade com os dias atuais?
A mão de obra braçal que dava sentido ao coração mecânico, razão de ser de Metropolis, era relegada a um submundo subterrâneo e distante. Cabisbaixos e autômatos, à massa domesticada restava operar suas engrenagens em movimentos simétricos, como num balé gótico. Como não lembrar as pessoas feitas gado dentro de vagões rumo aos campos de concentração nazista? À elite, “restava-lhe” saborear os ares e aromas de outro mundo, uma apoteose existente na superfície, cortado por infinitos arranha-céus, veículos futuristas e um sem número de vias, que assombravam um anseio de “jardim das delícias”, legado dinástico dos antepassados a seus filhos bem nascidos.
“Mas você não teme que um dia eles se rebelem contra você”, indaga Freder, num lampejo maturo, o jovem tolo, filho do mentor da cidade pirotécnica, o poderoso Joh Fredersen.
Freder, o qual tinha o bel prazer do deleite de qualquer mulher da terra alta, encanta-se pela plebeia Maria, uma mulher simples que começa a gestar o início de uma revolução. Com ela e por ela, o jovem magnata apercebe-se de uma nova realidade, tão verossímil, assustadora e  injusta, vista a olhar de lupa por meio dos claros olhos da amada. Não demora para que o bom moço troque de lado e sinta na pele as agruras do operariado. Ao descer à estação das máquinas e presenciar um acidente, o jovem tem uma visão; uma simbiose máquina-deus pagã, que come os seres humanos num sacrifício digno da dinastia inca. Uma cena de beleza rara.
Ao encontrar Maria nas profundezas desconhecidas da cidade, Freder, atônito, nos revela uma líder que prega a justiça pela palavra branca, pelo consenso e não pela violência. Dentro de uma profecia enunciada pela mulher, haveria de surgir um providencial mediador, que teria o discernimento de promover a conciliação entre os dois mundos. Alguém que materializasse o cerne dentro da máxima “o coração é o mediador entre a cabeça e as mãos”.
Talvez, não por acaso, a jovem recebera o nome de Maria. Ela aguarda o mediador, um redentor messiânico, que encontra sua razão de ser na promoção de uma paz perene. Alguém a que todos apontarão como rei, mas que tem como objetivo de seu reinado em terra a missão de promover a comunhão de seu povo com seu pai, aqui, morador da Torre de Babel. Não distante dos simbolismos divinos, o clone de Maria, representação imagética do lado mais vil da tecnologia a serviço da bestialidade, uma falsa profetisa, leva o nome de Hel (hell, ou inferno em inglês). Não seria Hel a serpente que oferece a maçã embebida no veneno da discórdia? Seria essa a resposta pela escolha do pentagrama invertido que paira sobre sua cabeça robótica quando ela nos é apresentada? Sua imagem também nos confere a reflexão de quão nociva pode ser a tecnologia quando não usada com o coração entre a cabeça e as mãos.
A força imensurável de Metropolis reside no poder de reunir os mais ardis conflitos do século 20 em pouco mais de duas horas de fita. As dicotomias estão todas lá: o bem contra o mal, o operário contra o patrão, a ciência contra o humanismo, o autoritarismo contra a liberdade, a verdade contra a mentira. Maniqueísmos à parte, a obra figura no panteão das mais importantes da história do cinema. Era o filme preferido de Hitler e, por conseguinte, de Goebbels, que vislumbrava em Lang o cineasta oficial do terceiro reich.
Fugido para os Estados Unidos, o diretor daria sequência à sua profícua filmografia. Sua mulher à época, e roteirista de Metropolis, Thea von Harbou, deixou-se inebriar pela sedução ultranacionalista. São creditados a ela os vestígios arianos encontrados na obra. A Lang ficaram os louros de antever com maestria o colapso a qual rumava o homem naquele início de século, onde muitos acreditavam que o pior já havia passado, após o fim da primeira guerra e da revolução bolchevique.
O que Lang não podia prever era que Metropolis e sua força pictural ficariam enraizadas no ideário de toda uma geração.


Fontes: GQ Online e Cinema Velho


terça-feira, 17 de abril de 2012

Expressionismo alemão


O gabinete do doutor caligari
                                        
O expressionismo alemão foi um estilo cinematográfico cujo auge se deu na década de 1920, que caracterizou-se pela distorção de cenários e personagens, através da maquiagem, dos recursos de fotografia e de outros mecanismos, com o objetivo de expressar a maneira como os realizadores viam o mundo.

"O expressionismo, nascido na Alemanha no final do século XIX, é maior que a idéia de um movimento de arte, e antes de tudo, uma negação ao mundo burguês. Seu surgimento contribuiu para refletir posições contrárias ao racionalismo moderno e ao trabalho mecânico, através de obras que combatiam a razão com a fantasia. Influenciados pela filosofia de Nietzsche e pela teoria do inconsciente de Freud, os artistas alemães do início do século fizeram a arte ultrapassar os limites da realidade, tornando-se expressão pura da subjetividade psicológica e emocional." 

O Expressionismo,cuja origem podemos remontar a fortes evidências em Van Gogh.[2] O expressionismo alemão,que se estendeu por quase todas as artes como o cinema, a pintura e caracteriza-se pela distorção da imagem(uso de cores vibrantes e remetentes ao sobrenatural ),do retorno ao gótico e a oposição a uma sociedade imersa no desolador cenário do racionalismo moderno pregador do trabalho mecânico.As vibrantes e alucinógenas pinturas expressam um desligamento com o real , a prioridade do "eu" e sua visão pessoal do mundo

Tal identidade de uma arte de crise se intensifica ao coincidir com a instalação da frágil República de Weimar após uma catastrófica guerra perdida e um humilhante Tratado de Versalhes que arruinou a nação alemã,o que contribuiu para, então, não só formar uma nova proposta de postura estética mas também uma moral de enfrentamento das autoridades (foi por essa razão que os nazistas consideraram o expressionismo uma arte decadente). O Nazismo e a própria Segunda Guerra Mundial veio a destruir muitas destas obras.
Nosferatu


Cinema

As primeiras pesquisas estéticas do cinema expressionista aconteceram na Dinamarca, nas primeiras décadas do século XX. Nessa época, muitos cineastas deste país abordaram em suas obras o tema da angústia, da loucura e outros mais místicos, envolvendo bruxaria. Nas cenas de alucinação eram exigidos certos efeitos, cuja realização obrigava os cineastas a recorrerem a técnicas fotográficas novas, bem como a cenários simplificados que permitissem o jogo de luzes sobre ângulos vivos e volumes claros.
Na Alemanha, o filme O estudante de Praga (1913), protagonizados pelo ator teatral Paul Wegener (1874-1948), foi inspirado nessas produções dinamarquesas, tendo sido o primeiro filme alemão a ser vendido para o mercado externo. Foi realizado pelo diretor sueco Stellan Rye (1880-1914) e produzido pela Union Film (depois Decla Bioscop), reunindo diversos temas da literatura fantástica, como o pacto do diabo de Fausto, a corrupção da imagem de Dorian Gray e a idéia do duplo dos contos de Edgar Allan Poe e E. T. A. Hoffmann.
  
“ O doente não é mais aquele indivíduo que sofre, mas converte-se na própria doença...”(Kasimir Edschmid) Contra a arte superficial, epidérmica (impressionismo). Quer ir ao centro, aprofundar-se, pressionar a realidade. Daí surge a deformação típica do impressionismo alemão (com origem em Van Gogh e Munch). Influenciado também pelo niilismo de Nietzsche. E até por Freud. 

Fontes:
http://www.overmundo.com.br/overblog/o-expressionismo-recriando-conceitos-e-valores
http://pt.wikipedia.org/wiki/Expressionismo_alem%C3%A3o
http://www.urutagua.uem.br/010/10silva.htm

Sessão de cinema para deficiente visual chega ao interior paulista

 
Na tela do cinema, a imagem mostra uma senhora numa cadeira, em uma sala ampla com um piano ao fundo, bordando em silêncio. No áudio, um narrador descreve detalhadamente a cena.

A câmera fecha um ângulo nas mãos dessa mesma mulher. O narrador continua a descrever: "a imagem mostra o detalhe da agulha passando pelo tecido".

Na ampla plateia do Cine São Carlos, no interior de São Paulo, com capacidade para 540 pessoas, um grupo de 15 deficientes visuais acompanha o desenrolar do filme.

Eles estiveram na primeira sessão do Cine+Sentidos, que começou ontem e vai exibir, quinzenalmente, filmes com audiodescrição para cegos.

O projeto, iniciativa da Prefeitura de São Carlos em parceria com o Cine São Carlos, é apontado como pioneiro no interior paulista em ter sessões permanentes para quem tem problemas na visão.

Na primeira sessão, foram exibidos cinco comédias curtas-metragens. Uma delas, "Mr. Abrakadabra!", do diretor José Araripe Jr., feito mudo e em preto e branco.

Na plateia, o som de risos, enquanto o narrador descreve as tentativas de um mágico que, já velho, decide morrer a qualquer custo.

"Se não houvesse a audiodescrição, seria impossível entender. Com ela, dá para acompanhar toda a história", disse Ailton Alves Guimarães, 38, que consegue enxergar apenas vultos.

Com exibições gratuitas quinzenalmente, às quintas-feiras, o Cine+Sentidos quer atrair mais pessoas progressivamente, diz o coordenador de Artes e Cultura de São Carlos, Almir Martins.

Os deficientes visuais são incentivados a levar parentes e amigos que não são cegos. "É uma forma de permitir que, depois, eles trocam impressões sobre o filme", diz Maurício Zattoni, chefe da Divisão de Audiovisual.

O projeto de São Carlos segue os passos de outros programas culturais bem-sucedidos de inclusão de pessoas com necessidades especiais.

O principal deles em atividade no país teve início em março, no Teatro Carlos Gomes, no Rio de Janeiro, onde todas as peças em cartaz na temporada deste ano têm audiodescrição, Libras (Língua Brasileira de Sinais) e legendas, beneficiando não apenas deficientes visuais, mas, também, os auditivos.

"Antes, não havia um espaço que oferecesse isso de forma permanente", diz a coordenadora de acessibilidade do projeto no Carlos Gomes, Graciela Pozzobon.

Pioneiras da audiodescrição no país, ela diz que há iniciativas do tipo em festivais ou temporadas curtas em capitais como São Paulo e Porto Alegre.

Ela e o especialista em audiodescrição Paulo Romeu Filho afirmam não conhecer outras cidades do interior que tenham projeção do tipo permanente.
 
 
Legenda da foto: José Roberto (de cinza) e João Bernardo (de azul), em exibição de filme para deficientes visuais, em São Carlos.
 
Crédito da foto: Silva Junior - 12.abr.12/Folhapress
 
Fonte: Site Bol Notícias

quinta-feira, 12 de abril de 2012

A 1ª produção do Imaginário


Ontem exibimos pela primeira vez o vídeo de apresentação do nome da nossa agência acadêmica.

Sem ter isso como propósito inicial, o vídeo acabou recebendo influência do expressionismo, fenômeno hegemônico cultural na Alemanha, presente nas artes gráficas, na pintura, na escultura, na literatura, no teatro, na música, na dança e no cinema, assumindo formas mais radicais, onde a expressão do sentimento tem mais valor que a razão.

Esse fenômeno tinha como características marcantes os ângulos acentuados, de contornos sombrios e as cores contrastantes - puras e ácidas - verdes, vermelhos, amarelos e negro. Expressava não o fato em si, mas o sentimento do artista em relação a este, logo, uma visualidade subjetiva, mórbida e dramática. (Fonte: MAC - USP)



Confira e instigue a sua imaginação:






quarta-feira, 11 de abril de 2012

Brasil em destaque no Festin, em Lisboa

 Brasil é o país em destaque no Festin, o Festival de Cinema Itinerante da Língua Portuguesa, que decorre em Lisboa, em maio.

Esta é a terceira edição do evento, que este ano tem a programação dedicada ao tema da inclusão social. Decorre entre os dias 9 e 16 de maio, no cinema São Jorge, e recebe mais de 70 filmes.

Segundo a Lusa, o destaque do Festin vai ser dado às produções do Brasil, país que mais inscrições enviou, cerca de 300.

Adriana Niemeyer, da direção do Festin, garante que o festival vai passar também muitos filmes de língua portuguesa feitos em outros países lusófonos.

Alguns dos filmes brasileiros que vão estrear em Portugal já foram vistos no Brasil, com 99 das produções agora em exibição no Festin a registarem um total de 67,7 milhões de euros de receitas de bilheteira.

Um dos destaques do festival vai para o documentário «Mamonas para sempre», de Cláudio Kahns. O filme é sobre o grupo rock brasileiro Mamonas Assassinas, que teve um fim trágico, com a morte dos cinco músicos num acidente de avião, em março de 1996.

Entre alguns dos filmes portugueses selecionados estão «Nada Fazi», de Filipa Reis e João Miller Guerra, «O dormitório», de Vanessa Fernandes, «O canto dos cisnes», de Marco Barbosa, e «E amanhã», de Bruno Cativo.

Site TVi24

Núcleo de Dramaturgia Cinematógrafica - SESI PR



Você gosta de cinema? Que tal adquirir mais conhecimentos a respeito?

Estão abertas as inscrições para o Núcleo de Dramaturgia Cinematógrafica do SESI PR. O projeto tem como objetivos descobrir e desenvolver novos roteiristas para o cinema nacional, valorizando talentos paranaenses e promovendo um intercâmbio dos roteiristas locais com profissionais de destaque no cenário nacional e internacional. 
Em sintonia com os conceitos de Economia Criativa, o projeto busca desenvolver e aperfeiçoar o potencial cultural/artístico paranaense, atendendo à Indústria Audiovisual do Paraná.

Do que se trata o projeto?
São oficinas de dramaturgia cinematográfica com encontros quinzenais com o roteirista Leandro Saraiva em parceria com Rune Tavares (ministrando oficinas de produção criativa). O Núcleo terá parceria com o Ficção Viva II - Roteiro, projeto do Olho Vivo com patrocínio da Petrobrás. O Ficção Viva II irá promover woekshops de roteiro com grandes nomes do cinema Latino Americano.

Local: Sala Multiartes no SESI Sede.
Inscrições: de 03 de abril a 02 de maio de 2012.
Público-alvo: Maiores de 18 anos da comunidade em geral.
Parceiros: Projeto Olho Vivo e Livrarias Curitiba
Email: nucleocinema@sesipr.org.br

Clique nos links abaixo e saiba mais sobre o projeto:


Para tirar dúvidas a respeito do Edital 2012, entre em contato através do e-mail: 
nucleocinema@sesipr.org.br

(Fonte: Sesi PR)

terça-feira, 10 de abril de 2012

Cinema e educação


Em seu site, a revista Exame apontou 10 filmes que ensinam as crianças a cuidar do planeta. A ideia da lista é mostrar como o cinema pode ser um ótimo aliado na hora dos pais conversarem com seus filhos sobre assuntos importantes de forma leve e divertida. Entre eles, a maioria animações, está Wall-E, que mostra o planeta Terra em 2805, transformado em um depósito gigante de lixo com recursos naturais esgotados. Seu último habitante é um robô que acaba descobrindo uma pequena planta crescendo entre o lixo. Entre as outras sugestões de filmes estão Procurando Nemo, Os Sem Floresta, Vida de Inseto e O Grande Milagre.
Pra conferir a lista completa, clique no link abaixo:

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Herói brasileiro pouco conhecido



Um personagem totalmente nacional, um herói extramente brasileiro: Besouro.Um filme pouco comentado mas com excelente direção de fotografia e efeitos especiais.

veja o trailer:










A história:

Quando Manoel Henrique Pereira nasceu, não havia nem dez anos que o Brasil tinha sido o último país do mundo a libertar seus escravos.

Naqueles tempos pós-abolição nossos negros continuavam tão alijados da sociedade que muitos deles ainda se questionavam se a liberdade tinha sido, de fato, um bom negócio. Afinal, antes de 1888 eles não eram cidadãos, mas tinham comida e casa para morar. Após a abolição, criou-se um imenso contingente de brasileiros livres, porém desempregados e sem-teto. A maioria sem preparo para trabalhar em outros serviços além daqueles mesmos que já realizavam na época da escravatura. E quase todos ainda sem a plena consciência de sua cidadania. O resultado desse quadro, principalmente nas regiões rurais, onde estavam os engenhos de açúcar e plantações de café, foi o surgimento de um grande contingente de negros libertos que continuavam, mesmo anos após a abolição, submetendo-se aos abusos e desmandos perpetrados por fazendeiros e senhores de engenho.

Assim era sociedade rural brasileira de 1897, ano em que Manoel Henrique Pereira, filho dos ex-escravos João Grosso e Maria Haifa, nasceu na cidade de Santo Amaro da Purificação, no Recôncavo Baiano.

Vinte anos depois, Manoel já era muito mais conhecido na cidade como Besouro Mangangá - ou Besouro Cordão de Ouro -, um jovem forte e corajoso, que não sabia ler nem escrever, mas que jogava capoeira como ninguém e não levava desaforo para casa. Como quase todos os negros de Santo Amaro na época, vivia em função das fazendas da região, trabalhando na roça de cana dos engenhos. Mas, ao contrário da maioria, ele não tinha medo dos patrões. E foram justamente os atritos com seus empregadores - e posteriormente com a polícia - que deixaram Besouro conhecido e começaram a escrever a sua imortalidade na cultura negra brasileira.

Há poucos registros oficiais sobre sua trajetória, mas é de se supor que a postura pouco subserviente do capoeirista tenha sido interpretada pelas autoridades da época como uma verdadeira subversão. Não por acaso, constam nas histórias sobre ele episódios de brigas grandiosas com a polícia, nas quais ele sempre se saía melhor, mesmo quando enfrentava as balas de peito aberto. Relatos de fugas espetaculares, muitas vezes inexplicáveis, deram origem a seu principal apelido: Mangangá é uma denominação regional para um tipo de besouro que produz uma dolorosa ferroada. O capoeirista era, portanto, "aquele que batia e depois sumia". E sumia como? Voando, diziam as pessoas...

Histórias como essas, verdadeiras ou não, foram aos poucos construindo a fama de Besouro. Que se tornou um mito - e um símbolo da luta pelo reconhecimento da cultura negra no Brasil - nos anos que se sucederam à sua morte.

Morte que ocorreu, também, num episódio cercado de controvérsias. Sabe-se que ele foi esfaqueado, após uma briga com empregados de uma fazenda. Registros policiais de Santo Amaro indicam que ele foi vítima de uma emboscada preparada pelo filho de um fazendeiro, de quem era desafeto. Já a lenda reza que Besouro só morreu porque foi atingido por uma faca de ticum, madeira nobre e dura, tida no universo das religiões afro-brasileiras como a única capaz de matar um homem de "corpo fechado".

E Besouro, o mito, certamente era um desses.

Mazzaropi completaria 100 anos hoje!



O comediante, produtor e diretor, um dos nomes mais populares na história do cinema brasileiro, viveu em Curitiba quando garoto. Ele completaria 100 anos hoje se estivesse vivo.

Amácio tinha 12, 13 anos quando o pai, Bernardo, preocupado com a vontade crescente do garoto de virar artista de circo e cair no mundo, tomou uma decisão radical: enviá-lo para passar uns tempos com o avô paterno, o italiano Amázzio Mazzaropi, de quem herdara o nome e que morava em Curitiba, onde era proprietário de uma loja de tecidos na Rua XV de Novembro, coração da cidade.

Segundo a biografia Sai da Frente!, assinada pela jornalista carioca Marcela Matos e publicada pela editora Desiderata, Amázzio recebeu o neto com entisiasmo e carinho. Queria proporcionar a ele os mimos e o conforto que, em tempos mais difíceis, não havia conseguido oferecer aos filhos. O pré-adolescente, no entanto, não revelou grande talento para o comércio, e mal conseguia diferenciar um tecido do outro.
Em compensação, o guri virou a atração da loja, entretendo os fregueses com suas hilárias imitações. Já famoso, o comediante, que faria nesta segunda-feira, dia 9 de abril, 100 anos, lembraria em uma entrevista sua experiência curitibana nos anos 20: “Eu vendia fazendo pose, imaginando uma câmera. Tinha isso no sangue...”
Embora tenha aprendido um tanto sobre o dia a dia de uma loja, a tentativa de dissuadi-lo de fazer graça e virar artista foi inócua. Passados três meses, Mazzaropi despediu-se das casimiras e das gabardines em Curitiba e voltou para Taubaté, no interior de São Paulo, para encontrar o seu destino.
Independência
Um dos grandes nomes do humor no Brasil, e integrante do seleto grupo de comediantes clássicos do cinema nacional, ao lado de Oscarito, Grande Otelo, Ankito e Renato Aragão, Mazzaropi era jeca só na ficção. “Ele era um homem refinado. Quando o chamaram para fazer teste na Vera Cruz, esperavam que aparecesse um caipira rústico. Foi vestido com um terno bem cortado, lenço de seda”, conta a biógrafa Marcela Matos, em entrevista à Gazeta do Povo.
O ano era 1951 (leia cronologia nesta página) e o comediante, já um nome conhecido do rádio e da televisão, estrelou seu primeiro longa-metragem Sai da Frente. Embora já tivesse encarnado um tipo interiorano, e fizesse sucesso no programa O Maior Caipira do Rádio Brasileiro, que estreou no mesmo ano na TV Tupi, seu personagem no filme era urbano, ainda que com traços dos principais papéis vividos pelo comediante, sempre algo ingênuos, mas também espertos e resmungões: Isidoro, dono de um caminhãozinho, cujo apelido é Anastácio. Seu principal amigo é um cão chamado Coronel, interpretado pelo cão Duque, famoso astro da Vera Cruz.
Produtor
O primeiro “encontro” de Mazzaropi com Jeca Tatu, o tipo rural, atrasado e submisso criado por Monteiro Lobato em sua obra Urupês (1918), aconteceu em 1960, quando estrelou o filme que leva o nome do personagem, que passaria a ser sua persona mais popular. Dois anos antes, depois de já ter feito filmes com a Vera Cruz e outros estúdios, o ator havia dado um passo importante, ao criar a Pam Filmes, que passou não só a produzir, mas a lançar e distribuir seus filmes.
“Nesse aspecto, o Mazza­ropi foi um visionário, um empreendedor exemplar. Ele controlava tudo com extremo cuidado. Em 1960, ele começa a dirigir [As Aventuras de Pedro Malasartes] e passa a ter controle total sobre sua carreira, acompanhando a distribuição e a renda de seus filmes, para ter certeza de que o dinheiro chegaria a seu bolso”, conta Marcela, lembrando que as fitas chegavam aonde as linhas férreas do país alcançassem, e o comediante, para garantir a circulação de seu catálogo, forçava os exibidores a reprisar títulos mais antigos se quisessem lançar os novos.
“Ele se autofinanciava, procurando fazer um filme por ano, guardando parte da renda acumulada de um para produzir o outro, e também investindo em equipamentos”, diz a jornalista, lembrando um período na década de 70 quando os longas estrelados e dirigidos por Mazzaropi, como Jeca Macumbeiro, Jeca e Seu Filho Preto e Jeca contra o Capeta, levavam mais de 3 milhões de espectadores aos cinemas, rivalizando com blockbusters norte-americanos. Quando faleceu, em 1981, de câncer na coluna vertebral, deixou um estúdio moderno, instalado em Taubaté, hoje transformado em museu e hotel.

Fonte: Gazeta do Povo
Foto: Divulgação

Cronologia
Saiba mais sobre a vida e a carreira de Mazzaropi:
1912 – Amácio Mazzaropi nasce no dia 9 de abril, em São Paulo
1926 – Aos 14 anos, começa a viajar com um circo, mas volta para a casa dos pais, em Taubaté, três anos mais tarde.
1931 – Torna-se diretor e o principal ator em um teatro de um convento de Taubaté.
1935 – Convence toda a família a entrar para a trupe. Cria o Teatro de Emergência – um barracão de tábuas corridas, coberto de lona.
1944 – Uma doença do pai consome o dinheiro de Mazzaropi, e ele dissolve a trupe.
1945 – Transfere seu pavilhão de teatro para a cidade de São Paulo e passa a morar no Tucuruvi. Assina contrato com o Teatro Colombo.
1946 – Faz seu primeiro programa de rádio, o Rancho Alegre, onde cantava e contava piadas. O sucesso lhe rende o segundo show, Brigada da Alegria. No mesmo ano, começa a trabalhar com Hebe e, mais tarde, com Dercy Gonçalves
1950 – É convidado para fazer um show de humor no primeiro canal de tevê brasileiro, a TV Difusora de São Paulo.
1951 – Faz o primeiro programa da TV Tupi, do Rio de Janeiro, O Maior Caipira do Rádio Brasileiro.
1951 – É chamado para um teste na Companhia Cinematográfica Vera Cruz. Com 39 anos, Mazzaropi faz o primeiro filme, Sai da Frente.
1958 – Vende tudo o que tem para criar sua própria produtora, a Pam Filmes, lança Chofer de Praça e passa a cuidar do lançamento e distribuição.
1959-1962 – Sob o comando de José Bonifácio de Oliveira, o Boni, Mazzaropi comanda um programa de variedades na TV Excelsior de São Paulo.
1960 – Estreia Jeca Tatu. Pouco depois, assume a direção pela primeira vez no longa As Aventuras de Pedro Malasartes.
1961 – É lançado seu 12.º filme, Zé do Periquito e inicia a construção do primeiro estúdio. Também estreia o primeiro filme colorido da produtora, Tristeza do Jeca .
1974-1978 – Produz e lança uma série de filmes com o personagem Jeca Tatu: O Jeca Macumbeiro, Jeca contra o Capeta, Jecão... Um Fofoqueiro no Céu, O Jeca e Seu Filho Preto e A Banda das Velhas Virgens.
1979 – Já bastante debilitado pela septicemia, roda seu último filme, O Jeca e a Égua Milagrosa. Chega a começar a produção de Maria Tomba Homem.
1981 – Morre em São Paulo, aos 69 anos.
Fonte: Folhapress

quinta-feira, 5 de abril de 2012

Sétima arte para as populações ribeirinhas do São Francisco

Telão inflado, projetor ligado, cadeiras a postos. Tudo pronto para mais uma sessão do Projeto Cinema no Rio São Francisco, que desde 2004 percorre o rio da integração nacional com o objetivo de democratizar o acesso à cultura exibindo filmes para as comunidades ribeirinhas.
Este ano o projeto completa sete anos de difusão da sétima arte. Para comemorar a data, a equipe parte para mais uma expedição em abril. Dessa vez, o Cinema no Rio vai percorrer 13 cidades no estado de Minas Gerais.
O projeto comemora também os 510 anos do Velho Chico, esse caudaloso rio habitado por indígenas e anteriormente conhecido como opará, algo como “rio-mar”. Ele foi descoberto por Américo Vespúcio no dia 4 de outubro de 1501, dia de São Francisco. Desde então, fez parte de importantes momentos históricos do país.
Assim, o Cinema no Rio realiza uma série de atividades com o objetivo de promover o intercâmbio com as comunidades que vivem às margens do rio São Francisco. A principal é a exibição gratuita de filmes. Crianças, adultos, idosos e até pessoas que nunca viram um filme na vida enchem as praças das cidades. Então é luz, câmera, ação. E as emblemáticas palavras do mundo cinematográfico ganham um novo significado.
Parte desse novo sentido é criado ali mesmo, já que a equipe do projeto é responsável pela produção e veiculação de um documentário local sobre a cidade e seus habitantes. “Nos outros anos a população era mostrada nos filmes. Dessa vez, ela também vai fazer parte da produção desse curta-metragem”, adianta o diretor da CineAr Produções e responsável pela execução do projeto, Inácio Neves.
Depois dos documentários, é hora dos filmes, todos nacionais. Este ano, o projeto conta com oito curtas e seis longas-metragens, entre eles os recentes O Palhaço, com direção de Selton Mello, e Hotxuá, com direção de Letícia Sabatella e Gringo Cardia. O premiado Girimunho, com direção de Clarissa Campolina e Helvécio Marins Jr, também faz parte da lista. Depois de ser exibido em festivais nacionais e internacionais, o filme finalmente será mostrado à cidade de São Romão, aonde foi gravado. “O Girimunho nasceu no projeto Cinema no Rio e agora vai ser visto pelos habitantes que me ajudaram a produzi-lo. É o local onde eu mais tenho vontade de passar o filme”, conta Helvécio Marins Jr, diretor do longa.
As comunidades também ganham conhecimento com a oficina de fotografia Imagem em movimento, direcionada a crianças de 12 a 16 anos. Os oficineiros vão conversar sobre o assunto, ensinar as regras básicas e deixar eles saírem pela cidade fotografando tudo que for interessante. “É o olhar deles sobre o espaço em que vivem”, explica Inácio. Cada participante também será fotografado. O material será então editado e exibido na telona antes dos filmes.
Todo esse sucesso é fruto do entendimento do cinema como uma forma de manifestação cultural. “E nesse projeto ainda é mais do que isso, pois é também uma forma de conhecer as outras manifestações culturais regionais. A proposta não é só proporcionar que eles tenham contato com o cinema, mas que eles tenham contato com suas próprias manifestações”, afirma Inácio.
Ele conta que o grupo de Batuque da cidade de Ponto Chique renasceu após a passagem do Cinema no Rio, na edição de 2006. “Eles diziam que a cidade não gostava deles. Insistimos e eles acabaram se apresentando. Foi um sucesso. Pela primeira vez vimos as pessoas da comunidade participando”, lembra Inácio. O grupo criou asas e chegou a fazer apresentações até em Brasília.
Desde que foi criado, o projeto passou por diversas cidades de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, os cinco estados que recebem as águas do Velho Chico. Com as sessões gratuitas dos filmes o Cinema no Rio já levou cultura para mais de 200 mil pessoas.

Site Terra

terça-feira, 3 de abril de 2012

Cinema e Meio Ambiente


Quando se trata de rotular ou adequar um determinado número de filmes a uma temática, é preciso ter muito cuidado com generalizações, incorreções históricas e anacronismos. Não é difícil encontrarmos hoje um número considerável de comparações sobre o meio ambiente e as artes ou a relação desse item com outras áreas da produção cultural em nosso século.
Breve panorama histórico
É fato que só nos últimos 20 anos a preocupação com o meio ambiente tem alcançado um nível mundialmente relevante e se tornado pauta de todo tipo de mídia, do tabloide mais bestializante a mais renomada publicação científica. Contudo, um olhar aguçado para a história nos estacionaria no momento em que o contato entre os povos e a destruição de culturas e modelos de vida começou a se tornar um problema ultracontinental, ou seja, no século XVI. A ampliação do consumo a partir de então, especialmente depois da explosão industrial que viria da Europa dentro de dois séculos, intensificou os danos locais à natureza e já no início do século XX, há registros de grande preocupação ambiental que vai desde a erosão de terrenos até o desaparecimento de espécies de animais e vegetais.
Por mais que estivesse clara a relação mortal entre o homem e a natureza, foi apenas na Conferência de Estocolmo em 1972, que uma iniciativa internacional conseguiu reunir os interessados na melhoria das questões ambientais (embora o primeiro sinal tivesse aparecido via desenvolvimento nuclear, uma década antes). De lá para cá, a preocupação ganhou corpo e espaço, até que no final do século XX representou um alerta e um pedido global de ajuda ao planeta. Há hoje uma grande quantidade de programas e discursos sobre o desenvolvimento de novas e alternativas fontes de energia, reciclagem, conferências e tratados internacionais, além da politização em torno do tema, não só com o surgimento dos partidos verdes, mas como um novo entendimento dos efeitos do capitalismo, que tanto impulsionou a proliferação desenfreada de indústrias, como tornou o consumo irresponsável uma febre global da qual não só a nossa espécie saiu perdendo.
O cinema e a matéria
Não inteiramente, é claro, mas existe um número muito grande de filmes, antes dos “ambientalistas”, que trabalhavam a natureza como uma dádiva, relacionando-a com o homem e expondo sua importância para a vida. A matéria natural se fez presente em obras do mundo inteiro desde o nascimento do cinema, e constitui-se até hoje um ingrediente de uma parcela da cinematografia nórdica, balcânica, oriental e africana. Fora isso, temos a matéria natural presente em diversos filmes sul-americanos, especialmente nos filmes mais intimistas dos países andinos. Nessas obras, os elementos e a natureza aparecem como parte do homem, interagindo e relacionando-se com ele, apresentando-se como integrante da vida humana ou como um monumento necessário (e às vezes esquecido) à sua volta. O leitor poderá comprovar essa visão em diversas intensidades, modelos, contextos, gêneros e culturas através das seguintes obras: Chuva (Joris Ivens, 1929), Tudo Flui (Bert Haanstra, 1951), Sonhos (Akira Kurosawa, 1990), Mãe e Filho (Aleksandr Sokúrov, 1997), Primavera, Verão, Outono, Inverno… e Primavera (Kim Ki-duk, 2003) e Tio Boonmee que Pode Recordar Suas Vidas Passadas (Apichatpong Weerasethakul 2010). No caso do Brasil, podemos citar a maior parte dos filmes de Humberto Mauro, especialmente os da série “Brasilianas”, que filmam a natureza em torno do homem ou integrada com ele.
Em alguns casos, a intenção dramática fala mais alto, e a natureza está mais presente como símbolo ou objeto de uma narrativa lírico-poética do que qualquer outra coisa. Penso que o exemplo mais contundente nesse ponto é o duo natural do diretor soviético Andrei Tarkovski, O Espelho (1975) e Stalker (1978). Nos dois filmes, o uso da natureza é visivelmente simbólico, mas tão poderoso e dotado de tamanha importância, que se faz perceber até para o espectador mais distraído. Em intensidade diferente, observamos que os outros filmes de Tarkovski mantém um uso constante e simbólico da natureza plenamente relacionada ao homem, seja como raiz ou como elemento, vide os filmes Nostalgia (1983) e O Sacrifício (1986). Na mesma linha, Andrei Zviagintsev realizou O Retorno (2003), uma história de pais e filhos com a natureza como plano de fundo. E ainda podemos citar nesse âmbito familiar de elementos naturais postos no plano de fundo e como determinantes simbólicos da trama, o dinamarquês Labrador (2011), o paraguaio Hamaca Paraguaya (2006) e os brasileiros Abril Despedaçado (2001) e O Grão (2007).
O cinema ambientalista
Penso que o filme engajado na questão ambientalista mais conhecido do grande público é Uma Verdade Inconveniente (Davis Guggenheim, 2006), aquele que tem Al Gore como estrela principal. No mesmo ano foi lançado um outro filme, que acredito ser bem mais relevante para a causa ambiental do que o documentário de intenções políticas de Guggenheim: Crude Impact (James Jandak Wood), que examina não só a dominação humana no planeta e a interligação com a matéria natural, mas os impactos do uso do petróleo e a investigação de alternativas para a crise ambiental. Para finalizar essa abertura, citaremos uma produção da BBC, uma das séries mais incríveis sobre o tema, não necessariamente sobre a destruição do meio ambiente mas um verdadeiro louvor e descoberta do paraíso que é o nosso planeta e as riquezas inimagináveis que ele possui. Também de 2006, a série Planeta Terra teve 11 episódios, narrados por Richard Attenborough e Sigourney Weaver, e cada episódio foca um ambiente da Terra: Polos, Montanhas, Água Doce, Cavernas, Desertos, Regiões Polares, Planícies, Selvas, Mares Rasos, Florestas Sazonais e Profundezas Oceânicas.
Alguns filmes tiveram um papel hoje visto como ambientalista, mas que não intencionavam isso quando lançados, como é o caso de Lições da Escuridão (Werner Herzog, 1992), uma quase ficção científica com imagens da Guerra do Golfo, mostrando a destruição causada pelos poços de petróleo e o velho embate entre homem e natureza. O documentário A Corporação (Mark Achbar e Jeniffer Abbott, 2003) também segue pela trilha do ambientalismo, mesmo que sua intenção primeira não seja essa. A mesma coisa se dá com  A Crude Awakening: The Oil Crash (Diversos, 2006), um filme que aborda a “guerra petrolífera” sob um ângulo humano e ambiental.
Na margem do aquecimento global e outras destruições humanas e polêmicas, podemos citar Everything’s Cool (Daniel B. Gold e Judith Helfand, 2007), documentário que reúne ativistas, políticos e cientistas numa interessante abordagem sobre o aquecimento global (vale também ver o outro lado, A Grande Farsa do Aquecimento Global, dirigido por Martin Durkin em 2007). Sobre os efeitos que uma mudança climática poderia causar ao planeta, podemos citar 2050. Quando é Agora? (Ruth Chao e Javier Silva, 2006), documentário galego sobre as consequências de uma mudança de grande porte para a nossa civilização e sobre como é possível reverter essa situação agora. A comédia documental How to Boil a Frog (Jon Cooksey, 2009) trabalha praticamente o mesmo tema, mas sob outro ângulo.
Nos ramos da alimentação e cuidado com o solo e outros recursos do planeta, podemos citar em primeiro lugar um dos melhores documentários sobre o tema já realizados, Home – Nosso Planeta, Nossa Casa (Yann Arthus-Bertrand, 2009). O filme traça a passagem do homem no planeta desde o início da civilização até a corrida para aumento de lucros e desprezo pela natureza em que vivemos. É acima de tudo um documentário muito emocionante. Já sobre o uso da terra e sua degradação temos dois maravilhosos exemplos, cada um com um foco específico, perceptível no título: Dirt! The Movie (Diversos, 2009) e O Veneno Está na Mesa (Silvio Tendler, 2011). Sobre o lixo, podemos citar Para Toda a Eternidade (Michael Madsen, 2010), um incrível documentário sobre o lixo atômico. E ainda é válido e necessário revisitarmos a Trilogia Qatsi, de Geoffrey Regio, uma espécie de “abertura de caminhos” para o tema em questão.
Caso o leitor se interesse por um panorama histórico do cinema brasileiro a respeito da questão ambiental em moldes amplos, indicamos os seguintes filmes: Ilha das Flores (Jorge Furtado, 1989), Brasília, Contradições de uma Cidade Nova (Joaquim Pedro de Andrade, 1967), Ecologia (Leon Hirszman, 1973), Iracema, uma Transa Amazônica (Jorge Bodanzky e Orlando Senna, 1974), Mato Eles? (Sérgio Bianchi, 1983), Tietê, um Rio que Morre na Grande Cidade (Francisco Ramalho Jr. e Reinaldo Volpato, 1976).
Para que não nos estendamos demais na construção de conceitos, o que ampliaria a possibilidade de deixarmos de fora muitas outras coisas, faremos uma lista de filmes sobre o tema ambientalista (fora os que já foram citados durante o texto). Esperamos que o leitor tenha apreciado a nossa exposição básica do “cinema ambiental”e que ajude, conforme suas inclinações políticas e morais, o planeta a sobreviver à nossa geração. Uma boa sessão e uma ótima reflexão a todos.
A lista contém filmes que abordam a questão nos seguintes aspectos: ativismo, populações, espaços geográficos, consumismo, energia e água. Os documentários e os temas foram conferidos na Mostra Eco Falante de Cinema Ambiental, que aconteceu em São Paulo em meados de março. Os créditos das sinopses são do site da Mostra.
ATIVISMO
Biùtiful Cauntri (Itália, 2008)
Direção: Esmeralda Calabria, Andrea D’ambrosio
Sinopse: Pastores que veem suas ovelhas morrerem contaminadas com dioxina. Um professor ambientalista que luta contra crimes ambientais. Agricultores que cultivam terras poluídas por depósitos de lixo existentes nas cercanias. Histórias, relatos e testemunhos do massacre de uma terra. Estamos na Itália, na região da Campania, onde existem 1200 depósitos de lixo tóxico não autorizados. Por trás disso, usando caminhões e escavadoras em vez de pistolas, está uma Camorra de colarinho branco, que se desviou para atividades empresariais e cooptou instituições. Denúncia feita por um juiz, que revela os mecanismos de uma atividade violenta que está causando mais mortes, aos poucos, do que qualquer outro fenômeno criminal.
Blood in the Mobile (Dinamarca, 2010)
Direção: Frank Piasecki Poulsen
Sinopse: Amamos nossos celulares e a possibilidade de escolher diferentes modelos nunca foi tão grande. Mas sua produção tem um lado sombrio e sangrento. Ao comprar os chamados “minerais de sangue” necessários para sua confecção, as fábricas de aparelhos celulares estão indiretamente financiando a guerra civil da República Democrática do Congo – que segundo organizações de direitos humanos tem sido o conflito mais sangrento desde a 2ª Guerra Mundial. A indústria mineradora ilegal é controlada por grupos armados. A guerra continuará enquanto estes grupos conseguirem financiar sua vida militar com a venda destes minerais que acabam em nossos celulares.
If a Tree Falls: A Story of the Earth Liberation Front (EUA, UK, 2011)
Direção: Marshall Curry, Sam Cullman
Sinopse: Em dezembro de 2005, Daniel McGowan é preso por agentes federais em uma varredura nacional em busca de ambientalistas radicais envolvidos com o Earth Liberation Front – grupo que o FBI chamou de “ameaça número um de terrorismo doméstico dos EUA”. O filme explora o período tumultuado entre 1995 e 2001, quando ambientalistas estavam em confronto com madeireiras e a palavra “terrorismo” ainda não tinha o peso provocado pelo 11 de setembro. Parte uma fábula de uma nova era, parte um thriller de polícia e ladrão, o filme entrelaça a vida de Daniel em prisão domiciliar, esperando sua pena de prisão perpétua, com uma dramática retrospectiva dos eventos que levaram ao seu envolvimento com o grupo. No decorrer do filme são levantadas sérias questões sobre ambientalismo, ativismo e a maneira pela qual definimos terrorismo.
The Warriors of Qiugang (EUA, 2010)
Direção: Ruby Yang
Sinopse: Em 2004, uma antiga fábrica de pesticidas e corantes próxima à vila de Qiugang, na China central, foi privatizada. Ao reiniciar sua produção, uma água negra escorreu das plantas e inundou os campos da pequena vila: peixes e plantações morreram, e os moradores ficaram alarmados pelo grande número de pessoas atingidas pelo câncer entre eles. Por cinco anos essa população lutou para transformar seu meio ambiente e, ao fazê-lo, percebeu que também estava se transformando.

POVOS E LUGARES
All for the Good of the World and Nosovice (República Tcheca, 2010)
Direção: Vít Klusák
Sinopse: Retrato de uma vila tcheca onde, segundo os próprios moradores, um OVNI em forma de uma quilométrica fábrica brilhante pousou: a coreana Hyundai. A vila, que era famosa por seu chucrute e sua cerveja Radegast, de repente se transforma em uma zona industrial: o maior investimento em terras verdes da história tcheca. Os cineastas retornam dois anos após a dramática compra de terras, quando a fábrica havia iniciado a produção de carros populares. Divertido e assustador, este filme, absurdo e politicamente engajado, é sobre um campo que produz carros.

Tchernobyl: une histoire naturelle? (França, 2010)
Direção: Luc Riolon
Sinopse: Em 26 de abril de 1986 o reator nº 4 na usina Lenin, em Chernobyl, saiu de controle, causando o que todos nós sabemos: uma contaminação radioativa, criando uma zona de exclusão de 30 km de raio em torno da estação de energia. Nesta zona proibida, a fauna e flora foram deixadas à própria sorte. O que aconteceu com essa vida selvagem livre da pressão humana, mas imersa no “inferno” radioativo de Chernobyl? Para os cientistas, a zona proibida de Chernobyl tornou-se um laboratório ao ar livre tragicamente imprevisível, mas um grande laboratório. É uma estranha terra sem humanos, onde geoquímicos, zoólogos e radioecologistas estão fazendo descobertas desconcertantes.
CONSUMO
Bag It (EUA, 2010)
Direção: Suzan Beraza
Sinopse: Tente viver um dia sem plástico. O plástico está em todos os lugares e invade nossas vidas de maneiras inimagináveis e assustadoras. Neste descontraído e ao mesmo tempo tocante documentário, seguimos um homem comum, Jeb Berrier, embarcando em uma turnê global para desmascarar as complexidades do nosso mundo plastificado. O que começa como um filme sobre sacolas plásticas se torna uma investigação sobre os efeitos do plástico em nossos rios, oceanos e até em nossos corpos. Vemos como nosso mundo “louco por plástico” nos capturou, e o que podemos fazer em relação a isso. Hoje. Agora.

The Light Bulb Conspiracy (Espanha, França, 2009)
Direção: Cosima Dannoritzer
Sinopse: Uma lâmpada que dura para sempre realmente existe? Como um chip pode “matar” um produto? Por que milhões de computadores são enviados pelo mundo para depois acabarem sendo jogados no lixo em vez de consertados? A obsolescência programada é um mecanismo que provoca o encurtamento da vida de um produto para garantir uma demanda contínua, está no âmago da sociedade de consumo e ameaça inundar o planeta com uma crescente onda de desperdício. O filme investiga se a economia moderna conseguiria se sustentar sem a obsolescência programada e como uma nova geração de empresários está tentando fazer a própria obsolescência ser obsoleta, para salvar a economia – e o planeta.

Food, Inc. (EUA , 2008)
Direção: Robert Kenner
Sinopse: O quanto nós realmente sabemos sobre a comida que compramos nos supermercados e servimos para nossas famílias? Robert Kenner nos leva em uma visita pelo interior da indústria alimentícia dos Estados Unidos, expondo todos os arriscados processos industriais que são escondidos do consumidor norte-americano com o consentimento do governo. O documentário revela verdades chocantes sobre a comida norte-americana e como ela é processada, os custos à saúde e como esta onda de mudanças está se espalhando pela indústria alimentícia global.

ENERGIA

À Margem do Xingu – Vozes Não Consideradas (Brasil, Espanha, 2011)
Direção: Damià Puig
Sinopse: Em viagem pelo rio Xingu encontramos inúmeras pessoas, moradores de toda uma vida, que serão atingidos pela possível construção da hidrelétrica de Belo Monte. Relatos de ribeirinhos, indígenas, agricultores e habitantes da região de Altamira na Amazônia, assim como os de especialistas da área, compõem parte deste complexo quebra-cabeça. São reflexões sobre o passado obscuro deste polêmico projeto e que elucidam o futuro incerto da região e destas pessoas às margens do Xingu.

Gasland (EUA, 2010)
Direção: Josh Fox
Sinopse: Está acontecendo em todo o território dos EUA – donos de terras rurais acordam com uma oferta lucrativa de alguma companhia de energia para arrendar suas terras. A razão? A companhia espera explorar um reservatório chamado “Arábia Saudita do Gás”. A Halliburton desenvolveu um método de extrair gás do solo – um processo de perfuração hidráulico chamado “fracking” – e de repente os EUA se encontram prestes a se tornar uma superpotência em energia.

Up the Yangtze (Canadá, 2007)
Direção: Yung Chang
Sinopse: Um cruzeiro luxuoso sobe o rio Yangtze, navegando nas míticas águas conhecidas na China simplesmente como “O Rio”. O Yangtze está prestes a ser transformado pela maior usina hidrelétrica da história. A barragem das Três Gargantas – símbolo contestado do milagre econômico chinês – fornece o cenário épico para este premiado filme sobre uma família sendo realocada por causa de uma mudança radical no meio ambiente e na economia. Um documentário sobre o drama da vida na China moderna. Filme produzido pela National Film Board do Canadá.

ÁGUA

Life for Sale (Grécia, 2010)
Direção: Yorgos Avgeropoulos
Sinopse: Você pode imaginar um mercado de água? Como seria a vida no planeta se todos os recursos hídricos, superficiais e subterrâneos, a água dos rios, lagos e geleiras, pertencesse ao setor privado? O filme examina o maior mercado de água do mundo: no Chile. Onde a água do país não pertence ao Estado mas sim à iniciativa privada, e onde uma empresa pode ser dona de um rio inteiro e possuir uma quantidade de água do tamanho da Bélgica.

The Well: Water Voices from Ethiopia (Itália, 2011)
Direção: Paolo Barberi, Riccardo Russo
Sinopse: Todos os anos, quando a estação da seca chega em Oromia (Sul da Etiópia), os pastores Borana, depois de dias de caminhada, se reúnem com seus animais em torno de um dos tradicionais poços “cantantes”. O filme segue este povo durante um período inteiro de seca, revelando o sistema tradicional de gestão da água que permite distribuir o pouco que há disponível de acordo com as necessidades e direito de todos, sem nenhuma troca dinheiro.

Sertão Progresso (Brasil, 2010)
Direção: Cristian Cancino
Sinopse: Transposição de águas do Rio São Francisco e os interesses econômicos e políticos que, desde a época do Império, definem a utilização da terra e da água no Sertão nordestino. Documentário gravado em dez estados brasileiros sobre a obra mais ambiciosa do governo Lula, que promete levar água de beber a 12 milhões de habitantes do semiárido.
Site: Plano Crítico

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Rodrigo Santoro vive jogador Heleno em filme preto e branc


Uma das maiores lendas do futebol brasileiro e o maior ídolo do Botafogo antes de Garrincha, Heleno de Freitas (1920-1959), é o personagem central do drama "Heleno", de José Henrique Fonseca. O filme já percorreu festivais internacionais, colhendo um prêmio de melhor ator no Festival de Havana 2011 para Rodrigo Santoro, que perdeu 12 quilos e treinou com o ex-jogador Cláudio Adão para entrar na pele de Heleno.
Rodrigo Santoro em Heleno (Foto: Reprodução)











Rodrigo Santoro perdeu 12 quilos para atuar no filme 'Heleno' (Foto: Reprodução)



















A proposta do diretor José Henrique Fonseca (de "O Homem do Ano") é ousada já que, assumidamente, não procura realizar um filme sobre futebol. Recorrendo a uma bela fotografia em preto e branco -do premiado Walter Carvalho-, "Heleno" mostra um personagem trágico, que flertou com a fama e a glória mas tinha encontro marcado com a queda.
De origem abastada, filho de um industrial e proprietário de cafezal, o mineiro Heleno era formado em Direito e tinha hábitos refinados. Mas sua paixão maior era o futebol, entrando para o time do Botafogo em 1937. Ali ficou até 1948, firmando um impressionante recorde de 209 gols em 235 partidas.
Craque dentro de campo, Heleno era de trato difícil. Perfeccionista e briguento, tinha poucos amigos, como o colega Alberto (Erom Cordeiro) e, até certa altura, o dono do time, Carlito Rocha (Othon Bastos).
Fora do clube, o atleta nunca abriu mão de uma vida boêmia intensa. Vivia no Copacabana Palace, mergulhado em champanhe e vícios como éter e lança-perfume. As mulheres ocupavam muito do seu tempo, com casos rumorosos, simbolizados no filme pela cantora Diamantina (a atriz colombiana Angie Cepeda, de "Pantaleão e as Visitadoras").
Por tudo isso, na glória de Heleno já se enxerga o caminho da decadência, que não tardou em vir pelo caminho, com uma sífilis que causou loucura progressiva. Antes disso, o craque, que também vestiu a camisa da seleção, ainda passou pelo Boca Juniors, o Vasco (onde obteve seu único título estadual, em 1949), o Atlético Junior de Barranquilla, o Santos e o América, onde encerrou tristemente a carreira.
Seu único filho, tido com a mulher, Silvia (Alinne Moraes), nem o conheceu, já que a mãe, com medo dos acessos do marido, abandonou-o quando o menino tinha um ano.
A interpretação de Rodrigo Santoro é particularmente comovente no segmento final, quando o jogador, extremamente fragilizado, encontra-se internado num hospital psiquiátrico em Barbacena (MG). No lugar onde viria a morrer, aos 39 anos, Heleno não conta com nada além da dedicação de um enfermeiro (Mauricio Tizumba), seu último torcedor.
(Por Neusa Barbosa, do Cineweb)
veja o trailer
Fonte: G1