O longa do prestigiado diretor Martin Scorsese foge ao seu padrão de filmes policiais e violentos: trata-se do adorável conto do garoto Hugo que, de posse de um robô e junto de uma amiga, descobre o maravilhoso mundo através da história do cineasta Georges Méliès, cujo filme mais famoso é "Viagem à Lua". Surpreendentemente, os fatos mostrados no filme têm precisão exemplar em relação à realidade.
© "A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese (Paramont). |
Ganhador de cinco estatuetas do Oscar e de dois prêmios Bafta, "A Invenção de Hugo Cabret" representou uma mudança radical no estilo do diretor Martin Scorsese. Conhecido por suas tramas sangrentas e ambientadas no submundo do crime, o diretor provou que realmente sabe fazer de tudo: não só entregou um belo filme como também mostrou como usar o 3D para complementar o trabalho. E mais: trata-se de uma bela homenagem às raízes do cinema, em mais um ano em que Hollywood esteve cheia de remakes e continuações desnecessárias.
Hugo Cabret (Asa Butterfield) é um órfão que vive entre as paredes da estação de trem de Paris. Ele guarda consigo um robô quebrado, deixado por seu falecido pai (Jude Law). Um dia, ao fugir do inspetor da estação (Sacha Baron Cohen), conhece Isabelle (Chloe Moretz), uma jovem com quem faz amizade. Logo Hugo descobre que ela tem uma chave com o fecho em forma de coração, exatamente do mesmo tamanho da fechadura existente no robô. A chave, porém, acaba abrindo um portal para o passado esquecido do cinema.
É difícil especificar quando e como surgiu o cinema, já que existem várias formas de entender o que o termo representa. Na década de 1890, por exemplo, o cinema apareceu como mais uma atração dos circos. Coube a Georges Méliès transformar aquele "sideshow" no que viria a ser um verdadeiro espetáculo, uma viagem. Através de seus números de mágica e truques de efeitos especiais, criava as primeiras aventuras do cinema. Entre 1896 e 1913, Georges Méliès dirigiu nada menos do que 531 filmes. Seu filme mais conhecido e icônico é "Viagem à Lua".
© "A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese (Paramont). |
Méliès ganha um retrato certeiro em "Hugo". Mais do que isso, trata-se de uma parte de sua história que é contada sem falhas ou exageros, algo tão difícil de ver no cinema. "Hugo", ao mesmo tempo, homenageia a gênese do cinema e faz uso de sua mais nova tecnologia, o 3D. E este recurso é usado como deveria ser por todos os outros: é um artifício da narrativa e não o fio condutor dela.
Em uma época de poucas ideias e muitas reproduções cansadas, "Hugo" aparece utilizando o passado para fazer com que se reavalie o presente e, principalmente, o futuro. Hollywood está perdida, mas ocasionalmente aparecem trabalhos como este para indicar os rumos.
© "A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese (Paramont). |
© "A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese (Paramont). |
© "A Invenção de Hugo Cabret", de Martin Scorsese (Paramont). | |
Fonte: Obvious
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