Brasília recebe, pela primeira vez, a Mostra do Filme Livre, que exibe produções independentes de vários realizadores brasileiros. O evento começa no dia 27 de março e homenageia o cineasta Edgard Navarro, um dos ícones do cinema alternativo
A filosofia punk do “faça você mesmo” resume bem o conceito da Mostra do Filme Livre, que chega a sua décima primeira edição. O festival exibe obras feitas em todos os suportes, formatos e gêneros, inéditos ou não, das mais variadas épocas. Pela primeira vez na capital federal, o evento – que já é sucesso de público desde 2002, em São Paulo – traz uma programação que privilegia as melhores produções do cinema independente.
De acordo com o organizador da mostra, Guilherme Whitaker, a MFL 2012 exibe filmes que fogem do lugar comum. “Há 11 anos, diferentemente de hoje, era muito mais difícil fazer um filme. Não tínhamos a facilidade da internet, por exemplo, e nem espaço para esses trabalhos”, analisa. “Por isso, criamos a mostra, que é uma chance de apresentar essas produções”, acrescenta.
Whitaker chama atenção também para o crescimento na quantidade de participantes. Em 45 dias de inscrições, o festival recebeu um número recorde de solicitações, com 801 títulos concorrentes. Do total, apenas 15% (114 filmes) tiveram apoio estatal na sua realização, 180 foram selecionados para disputar prêmios e outros 50 serão exibidos como filmes convidados. “A cada ano, temos recebido mais inscrições vindas de diversos lugares do país, em diferentes formatos e linguagens”, ressalta. “A mostra tem como característica exibir filmes atuais, de baixo custo e que, em sua grande maioria, não tiveram qualquer tipo de apoio estatal”, diz o organizador.
Homenagem
A MFL 2012 tem a curadoria de Chico Serra, Christian Caselli, Gabriel Sanna, Manu Sobral e Marcelo Ikeda, e homenageia o cineasta baiano Edgard Navarro, que exibirá seu último filme O homem que não dormia, além de outros títulos que marcaram sua carreira e a história do cinema independente no Brasil.
Navarro já é conhecido dos cinéfilos brasilienses. Em 2005, levou sete prêmios do Festival de Cinema de Brasília com o filme Eu me lembro. Já O homem que não dormia foi uma das atrações do Festival de Brasília do ano passado e mostra as angústias de cinco personagens diante de um mesmo pesadelo em uma pequena cidade no interior da Bahia, atormentada por uma lenda de um tesouro perdido. Ainda não existe previsão para que essa produção faça sua estreia no circuito comercial.
Segundo Whitaker, o cineasta é um ícone do cinema alternativo e merece a homenagem prestada pelo festival. “Ele tem uma grande produção dos anos 1970 em formato super-8, considerado o mais alternativo de todos”, pontua. “Seu trabalho é original e polêmico”. O organizador frisa, ainda, a forma apaixonada como o cineasta conduz sua obra. “Ele produziu filmes radicais que traziam recados contra a ditadura. Fez cinema com todas as dificuldades que isso exige, como, por exemplo, a falta de acesso à verba para a realização de longas-metragens”, detalha. Para Whitaker, os filmes Eu me lembro (premiado no Festival de Brasília) e O homem que não dormia marcam o renascimento do trabalho de Navarro.
O cineasta baiano estará em Brasília no dia 30 de março para participar de um debate com o também realizador André Luiz de Oliveira, às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil. “No Rio de Janeiro, esse debate foi muito bom, com um astral positivo. Esperamos repetir o sucesso em Brasília”, adianta Whitaker.
Além das sessões de cinema, a programação traz palestras, debates e lançamentos de livros. Dia 10 de abril, às 20h, no auditório FAC da UnB, os curadores da MFL falam sobre a trajetória do festival, o cenário dos filmes alternativos, os nomes de destaque na área e os obstáculos para quem faz cinema no Brasil.
Premiação
O festival premiará 11 películas e as exibições estão divididas nas categorias Panoramas Livres (com oito sessões de curtas), Outro Olhar (cinco sessões), Curta o longa (nove longas precedidos de curtas), e as sessões especiais Mostrinha Livre (para crianças), Sexuada (de temática sexual), Bordas (filmes trash), Mundo Livre (filmes feitos por brasileiros no exterior), Pílulas (filmes de até cinco minutos) e Coisas Nossas (filmes realizados pela própria curadoria e equipe da MFL). A capital ganha, ainda, duas sessões especiais. A Curta Brasília exibe seis produções brasilienses recentes e a Retrospectiva MFL traz filmes participantes de edições anteriores da mostra.
O encerramento do festival, em Brasília, será no dia 13 de abril, no auditório da Universidade de Brasília, às 20h, com a divertida Sessão Invisível, na qual os espectadores ganham apitos para sinalizarem quando o filme não estiver agradando. De acordo com a avaliação da plateia, o filme poderá até mesmo ser trocado por outro. Para finalizar o evento, o Balaio Café (201 Norte) – ponto de encontro do público alternativo da cidade – promove, nesta mesma data, uma festa a partir das 22h.
11ª Mostra do Filme LivreDe 27 de março a 8 de abril, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, trecho 2), e de 9 a 13 de abril, na Universidade de Brasília. Entrada franca.
Fonte: Cerrado Mix - Mais Comunidade
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